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ARTES SEM FRONTEIRAS APRESENTA: THAIS AKEMI

      

Nesse mês das mulheres decidimos voltar nossas atividades visando evidenciar o assunto em questão e discutir pautas femininas dentro de várias perspectivas de atividades. Por isso o Artes Sem Fronteiras decidiu realizar uma pequena entrevista com uma das tatuadoras mais conceituadas no cenário douradense. 

Thais Akemi aceitou responder algumas de nossas perguntas sobre sua trajetória pessoal e suas questões artísticas através de suas mídias sociais. Akemi (instagram: @akemikuratomi) é referencia no cenário da tatuagem no município de Dourados- MS, visto que é a primeira tatuadora mulher da cidade. Atualmente a artista atua na Dark Side Art Gallery (instagram:@darkside.artgallery)a qual possui cede tanto em Dourados- MS quanto em Campo Grande- MS. 

A seguir apresentamos nossa entrevista na integra:

Nos fale um pouco da sua trajetória, sua naturalidade e questões familiares até entrar no meio artístico da tatuagem.

Me chamo Thais Akemi, nascida em Dourados - MS, mas morei 5 anos da minha infância no Japão, o que me proporcionou uma experiência cultural diferenciada, onde tive a oportunidade de desenvolver meu lado artístico ainda na infância. A volta para o Brasil veio junto com a separação dos meus pais, início da adolescência e logo após, problemas como bulimia e depressão se iniciaram. O nosso sistema de ensino e falta de apoio familiar me fizeram ver a arte apenas como hobby e buscar uma “profissão de verdade” durante toda a adolescência até o final do ensino médio meu foco era ser professora de História rs. 

Com toda a pressão do vestibular e eu ainda com 17 anos sem saber que rumo tomar, acabei entrando na faculdade de Psicologia. Acabei me apaixonando pelo curso e minha vontade de ser professora se manteve, trabalhei em educação infantil por pouco mais de dois anos. Já estava no final do terceiro ano de curso quando um trágico acidente me fez largar tudo para ser acompanhante em hospital. No início do ano seguinte ainda estava muito mal com toda a situação, sem condições de seguir na psicologia. Foi então que iniciei o curso de Design de Interiores, como uma alternativa à minha saúde mental na época. Lá, redescobri meu amor pela arte que estava adormecido depois de muitos anos de teorias. 

Nessa mesma época, fui fazer uma tatuagem que levou 4 sessões pra ser finalizada. E o tatuador estava ensinando um outro rapaz. Foi ali que me veio um insight “se eles podem, eu também posso”.

Como isso influenciou na sua vida artística? 

Todo o meu processo artístico é fruto duma trajetória onde tive que lidar com muitos problemas psicológicos, então a arte é onde canalizo todas essas emoções.

Como foi entrar em um meio onde era dominado por homens?

O cenário da tattoo em Dourados quando iniciei no ramo, além de ser dominado por homens era extremamente fechado. Questões como o machismo e abusos eram muito presentes. Apesar de ter sido difícil, acredito que esses pontos negativos me ajudaram a me firmar no mercado como uma alternativa à um público que não queria passar por isso, principalmente mulheres.

Como você concilia sua vida pessoal com a arte?

Vida pessoal e arte andam juntas desde que me entendo por gente. Já o trabalho como tatuadora tento separar, pois já tive esgotamento psicológico por excesso de trabalho.

Quais suas referências artísticas?

Na arte e na resistência feminina, Frida Kahlo. Na tattoo, Maiara Dalpiaz @maidalpiaz , Thariny Carvalho @tha.ttoo , Thais Valente @thaisvalentetattoo.

Quais suas dicas para uma mulher que tem interesse em ingressar nesse meio?

Além de muito estudo e treino que todo profissional necessita, é a consciência de que somos capazes de desenvolver todo o nosso potencial diferente do que foi construído socialmente, podemos ser donas de nossos destinos. Donas de carreiras de sucesso, provedoras do lar, ou que bem entendermos.